sábado, 7 de abril de 2012

Quando alfabetizar


Ao ler, transformamos automaticamente letras em sons. Juntamos os sons formando palavras, sem pensar que estamos o tempo todo decifrando letras. Mas, para o iniciante, identificar os sons de cada letra é ainda o primeiro passo rumo à leitura.

Desde a primeira vez que alfabetizei, as letras do alfabeto móvel sempre estiveram ao alcance das crianças, na mesa ou mesmo no chão, para que fossem tão atraentes quanto os brinquedos. A ideia de brincadeira remete a outra questão: qual a melhor idade para alfabetizar? 

Se a criança não sentir a diferença entre brincar e aprender, vale começar ainda bem pequena, com o aprendizado diluído em um período mais longo. Entretanto, se a alfabetização for um processo penoso, com inúmeros deveres na escola e em casa, não há momento adequado na infância que justifique tal intromissão em seu dia a dia. Resumindo, o fator mais importante é a maneira de conduzir a alfabetização.

Ensinei várias crianças a ler, quase todas entre quatro e doze anos de idade e apenas uma com menos de três anos. A principal diferença foi o tempo de aprendizado. Crianças maiores, que já passaram pela alfabetização escolar, em geral leem em poucas horas. Porém, dependendo de quanto estão frustradas, demoram para aceitar mais uma tentativa. Já as pequenas têm um ritmo especial, que varia com o humor, o sono, a fome e a concentração. 

Uma criança que lê aos cinco anos ainda terá um ano para aprimorar a leitura e começar a escrever, antes de iniciar o Ensino Fundamental. Porque ler mais cedo não significa pular etapas. Ao contrário, é ter tempo suficiente para adquirir fluência na leitura e autonomia para resolver as questões colocadas pela escola. E, como consequência de uma leitura constante e prazerosa, escrever com facilidade e segurança. Não é o que todo professor precisa numa classe a partir do 2º ano do Ensino Fundamental?

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