sábado, 10 de março de 2012

O nome das letras

Muitas crianças chegam à escola conhecendo os nomes de todas as letras. Mães, pais e avós participam da importante tarefa de ensinar o A, o B, C, D... Na escola, o mesmo procedimento: começam pelas vogais e em seguida passam por todas as letras do alfabeto. E copiam seus nomes — JOÃO, JOÃO, MARIA, MARIAMARIAMARIA  dia após dia, até decorar! 
       
— Joãozinho já sabe escrever seu nome! E conhece todas as letras!

Desde a primeira vez que alfabetizei, em 1995, ensinei somente o que achava necessário. Sabia que era importante relacionar cada letra a seu som, como numa partitura musical, onde cada nota corresponde a um determinado som. Na linguagem, reconhecer o som que a letra representa é o caminho para chegar à leitura — ler é simplesmente identificar os sons das letras em cada palavra e juntá-los
            
Mas, por que mesmo se ensina o nome das letras logo no início da alfabetização? Por causa do princípio acrofônico, uma seleção de palavras que é justamente a chave para identificar que som cada letra representa.
         
“O princípio acrofônico foi uma das melhores ideias que apareceram nos sistemas de escrita: além de permitir uma grande simplificação no número de letras, trazia de forma óbvia como se devia proceder para ler e escrever. Uma vez identificada a letra pelo nome, já se tinha um som para ela. Juntando os sons das letras das palavras em sequência, tinha-se a pronúncia de uma dada palavra — o que, feitos os devidos ajustes, dava o resultado final de sua pronúncia; e, pronunciando, o significado vinha automaticamente”. (CAGLIARI, Alfabetizando sem o Bá Bé Bi Bó Bu. Scipione, 2010. p.18)   

O princípio acrofônico, que teve início na escrita semítica, faz todo o sentido no alfabeto grego: o som inicial do nome das letras é o som que a letra representa. Porém, no alfabeto da língua portuguesa, nem todas as letras têm seus sons no início dos nomes. Os sons representados pelas letras F, L, M, N, R e S, por exemplo, encontram-se no meio de seus nomes, dificultando sua identificação.

As letras A, E, O, C, G e X indicam apenas um dos sons que cada letra representa. As letras J e G tem sons idênticos, assim como as letras C e S e as letras I e Y. Não se escreve CASA com a letra K e a letra W... 

É mesmo necessário ensinar o nome das letras logo no início da alfabetização? Penso que não. Penso que não se deve! Melhor falar do que realmente interessa — os sons das letras.

Um comentário:

  1. Olá Carmella! gostaria de parabenizar pelo blog, pois eu sei bem o quanto esse método de alfabetização funciona e é super fácil, pois se aprende até mesmo intercalando-o nas brincadeiras. E o mais importante, a facilidade que a criança tem em aprender.Quero te agradecer, pois hoje minha filha na idade de ser alfabetizada na escola, já está alfabetizada desde quando entrou há dois anos e não vê dificuldades nenhuma, pelo contrário é só elogios por parte dos professores e das pessoas que viram o crescimento dela. e com certeza, usarei o mesmo método com minha outra filha! Muito obrigado e tomara que este método seja utilizado urgentemente em todas as escolas!

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